O entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que as sanções impostas pelos Estados Unidos já estavam previstas e, por isso, não causaram surpresa. A percepção dentro do governo é de que a decisão americana foi planejada com antecedência e escolhida para ser anunciada justamente no período em que Lula cumpre agenda em Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU. A medida atinge Viviane Barci, esposa do ministro Alexandre de Moraes, e o Instituto LEX, do qual ela e os filhos do magistrado são sócios, dentro das regras da Lei Magnitsky, utilizada pelos EUA em casos de corrupção ou violações de direitos humanos.
Segundo apuração da CNN, a documentação necessária para oficializar as sanções já estava pronta desde a semana anterior, mas o anúncio foi segurado para ganhar maior repercussão internacional durante a visita de Lula aos Estados Unidos. Para auxiliares do presidente, esse timing reforça o caráter de pressão política e diplomática sobre o Brasil, além de ter como objetivo constranger o governo diante da comunidade internacional. Apesar disso, fontes próximas a Lula destacam que o assunto já estava “precificado” e que a equipe brasileira já esperava uma movimentação nesse sentido, o que possibilitou preparar respostas e evitar sobressaltos.
A avaliação é de que, no discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula poderá abordar o tema caso haja provocações ou menções diretas ao Brasil, especialmente se o ex-presidente americano Donald Trump, também presente, utilizar a tribuna para fazer críticas. Internamente, no entanto, aliados de Lula entendem que ataques à soberania nacional podem até reforçar sua imagem junto ao eleitorado, uma vez que o presidente tem insistido no discurso de defesa das instituições e da independência brasileira em suas relações internacionais.
Ainda existe a expectativa de que novas sanções possam ser anunciadas nos próximos dias, mas, por enquanto, não há confirmação de que outros ministros ou figuras do Supremo Tribunal Federal estejam na mira das autoridades americanas. Enquanto isso, o governo trabalha para transformar o episódio em um instrumento político que fortaleça sua narrativa de resistência e reafirmação da soberania, aproveitando o espaço internacional para sustentar a imagem de um Brasil que não aceita pressões externas em suas decisões internas.