Durante seu discurso de abertura na Assembleia-Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas contundentes às sanções unilaterais aplicadas pelos Estados Unidos, apontando que o mundo vive uma “desordem internacional” marcada por concessões ao poder, atentados à soberania e intervenções arbitrárias. Segundo ele, tais medidas refletem o enfraquecimento do multilateralismo e convergem com o fortalecimento de forças autoritárias que tentam subjugar instituições democráticas, cercear liberdades e controlar a imprensa.
Lula ressaltou que o Brasil — mesmo diante de ataques “sem precedentes” — optou por resistir e afirmar a democracia, construída há 40 anos com o esforço do povo após longos períodos de regimes autoritários. Ele fez um paralelo entre as sanções econômicas impostas pelos EUA, especialmente uma tarifa de 50 % sobre produtos brasileiros, e tentativas de interferência no Judiciário nacional, citando também a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes e o cancelamento de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal. Segundo o presidente, o país recebeu com “profunda indignação” essas medidas e deixa claro que não se curvará a agressões externas.
O discurso de Lula reafirmou que — mesmo sob pressão — o Brasil não negociará sua soberania nem deixará de defender seus valores institucionais. Ele afirmou que forças antidemocráticas “cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa”, e que, por isso, a resistência democrática é condição essencial para preservar liberdades.
O posicionamento de Lula reforça uma linha diplomática firme diante da crise entre Brasil e Estados Unidos e projeta um enfrentamento simbólico: mostrar que sanções externas, por mais agressivas que sejam, não podem intimidar um país que reivindica sua autonomia e sua ordem jurídica.