Sabe aquela sensação de que a água está “fermentando” sob os pés? Não é magia — é geologia + física trabalhando juntas. Os fervedouros são nascentes de água subterrânea que brotam com força por entre areias finíssimas, formando piscinas naturais de cor turquesa no coração do Cerrado tocantinense. Em termos técnicos, são pontos de exfiltração: a água pressurizada de aquíferos profundos sobe por fraturas e descontinuidades do terreno e emerge em áreas de várzea entre rios e morros.
De onde vem tanta água?
A região do Jalapão fica sobre a Bacia/Grupo Urucuia, um imenso “reservatório” natural de arenitos que armazenam água da chuva e alimentam rios e nascentes — incluindo muitos fervedouros. É como se o subsolo fosse uma esponja gigante que, sob a geologia certa, “espirra” água para cima. Alguns autores descrevem parte desses surgimentos como nascentes cársticas (quando há influência de rochas carbonáticas em contato com arenitos), mas o essencial é: a água vem de aquíferos e sobe sob pressão.
Por que ninguém afunda?
Porque ali acontece um “leito fluidizado”: a água sobe com tanta pressão que suspende os grãos de areia, reduzindo a fricção e empurrando o corpo para cima. Resultado: você flutua sem esforço — e, muitas vezes, é difícil até ficar parado no mesmo lugar. É a ciência por trás da foto perfeita.
Por que a água é tão clara (e fria)?
A areia de quartzo muito fino funciona como um filtro natural; a água sai transparente e costuma ser refrescante (ótimo alívio para o calor do Cerrado). Dependendo do fundo e da luz, o tom vai do azul ao verde, criando aquele visual “irreal” que você vê nas fotos.