Carlos Bolsonaro está prestes a se deslocar mais de mil quilômetros ao Sul para fixar residência no município de São José, na Grande Florianópolis, e iniciar sua campanha como candidato ao Senado. Para isso, planeja renunciar ao mandato de vereador no Rio de Janeiro. A informação, publicada pelo jornalista Lauro Jardim, de O Globo, foi confirmada pela coluna.
São José tem quase 300 mil habitantes e é a quarta cidade mais populosa de Santa Catarina. Como faz parte da região metropolitana de Florianópolis, é comum que trabalhadores se comportem de forma pendular. Poucos minutos separam o município da parte continental da capital.
Em 2024, São José foi um dos palcos das principais disputas para o governador Jorginho Mello, que não tem se posicionado de forma entusiasmada sobre a candidatura de Carlos Bolsonaro. Sua candidata à Prefeitura da cidade, Adeliana Dal Pont (PL), perdeu as eleições para Orvino Coelho De Ávila, do PSD, partido que, por enquanto, tem um pré-candidato ao governo que deve disputar com Jorginho. É o prefeito de Chapecó, João Rodrigues.
O atual prefeito de São José também se diz bolsonarista e já posou em fotos com fuzil. Depois de um ano sofrendo oposição do PL, selaram a paz nos últimos dias.
O movimento se assemelha ao que ocorreu com o irmão mais novo de Carlos, Jair Renan, que se fixou em Balneário Camboriú para se eleger vereador, mas viu o candidato bolsonarista ser derrotado nas eleições municipais e hoje é oposição à prefeita Juliana Pavan (PSD). Em Balneário, Carlos poderia ter apoio do irmão e do senador Jorge Seif, mas isso parece não ter motivado a escolha do zero dois.
Tradicionalmente, o domicílio eleitoral não costuma ser definidor de votos ao Senado, mas observar onde um migrante ancora suas bases é uma forma de perceber como ele vê o estado. Jorge Seif (PL), o primeiro carioca eleito senador por Santa Catarina, tem base eleitoral no Vale do Itajaí, onde mantém também um escritório parlamentar.
A escolha de Carlos pode ter sido motivada pela logística, central para o deslocamento pelo estado, e pelo interesse em um eleitorado que garantiu 63,17% dos votos para o seu pai no segundo turno, em 2022. Mas também indica seu isolamento político, já que o domicílio em Florianópolis bateria de frente com a candidatura cativa de Esperidião Amin e, no Oeste, com a cada vez mais provável candidatura de Caroline de Toni, que pode ter que sair do PL para se candidatar.