Seis meses antes dos casos fatais de intoxicação por metanol em São Paulo, uma entidade ligada ao setor de bares e restaurantes já havia divulgado estudo indicando que até 36% das bebidas alcoólicas vendidas no Brasil poderiam ser alvo de fraude — adulteradas, falsificadas ou contrabandeadas.
A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) levantou que vinhos e destilados estavam entre os mais afetados, chegando a afirmar que uma a cada cinco garrafas de vodca no mercado poderia estar falsificada. Na época, fez recomendações para que o Estado intensificasse a fiscalização, mas sua alertas aparentemente não tiveram repercussão adequada entre autoridades.
Com o agravamento da crise, o problema ganhou visibilidade pública somente após as mortes serem confirmadas. Órgãos como a Receita Federal atribuíram parcialmente o contexto à desativação do sistema de controle de bebidas (Sicobe), embora mantenham que selos fiscais ainda operam para destilados. A situação reaviva cobranças para que o Estado retome mecanismos eficazes de fiscalização, rastreamento e responsabilização daqueles envolvidos em adulterações que colocam vidas em risco.