O afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) pelo STJ provocou um efeito cascata na política tocantinense. Com a saída do titular, a engrenagem de agendas, inaugurações e eventos que projetava secretários, deputados e aliados — peça central da estratégia rumo a 2026 — perdeu ritmo e visibilidade. A Corte Especial do STJ referendou, em 3 de setembro, a decisão do relator Mauro Campbell Marques que afastou o governador por 180 dias no âmbito da Operação Fames-19.
No epicentro do abalo está o presidente da Assembleia, Amélio Cayres (Republicanos) — até então tratado como aposta da base para 2026. Reconduzido ao comando da Aleto no biênio 2025-2026, ele viu minguar o lastro político desde a mudança no Palácio e passou a enfrentar ceticismo dentro e fora do Legislativo quanto a uma eventual candidatura majoritária.
A retração não se limita a Cayres. Quadros do primeiro escalão ligados ao núcleo de Wanderlei também perderam tração. Caso emblemático é o de Kátia Chaves, então secretária da Governadoria, que vinha se articulando para disputar vaga na Assembleia; com a transição de governo, ela deixou o cargo e, segundo bastidores publicados pela imprensa local, perdeu o respaldo que ancorava seu projeto eleitoral.
Em termos práticos, sem a vitrine de um governador em exercício — com presença constante em entregas, shows, expos e temporada de praia —, a base governista perdeu palco e holofotes, enquanto o governo interino reorganiza prioridades. O desfecho jurídico do caso (e o calendário do STF, que passou a relatoria do habeas corpus a Luís Roberto Barroso) tende a influenciar diretamente o fôlego de quem ainda projeta 2026 a partir desse campo político.